Política, religião e futebol: a linha tênue entre paixão e fanatismo

Tome Nota com Enio Alexandre

“O fanatismo e a inteligência nunca moraram na mesma casa”. Ariano Suassuna

Política, religião e futebol. Três assuntos capazes de transformar qualquer roda de conversa em campo de batalha. O problema não está em gostar, defender ou até se emocionar com eles — o risco começa quando a paixão dá lugar ao fanatismo. É nesse ponto que amizades se rompem, famílias se dividem e vizinhos deixam de se falar.

Quase todo mundo conhece alguém que se afastou de outro por causa de política. E veja bem: ser politizado é ótimo. É dever do cidadão cobrar quem ocupa cargo público, afinal, são eles que definem, muitas vezes, os rumos do nosso dia a dia. O que não dá é transformar a política em guerra santa, como se o adversário fosse um inimigo a ser eliminado.

O curioso é que, para os políticos, esse antagonismo é útil. No “jogo” deles, nada é mais eficaz do que pintar o outro lado como a encarnação de todos os males. Funciona para manter a militância inflamada e desviar a atenção do que realmente importa. Enquanto discutimos ideologias, a saúde segue em crise, a segurança pública preocupa, a educação patina e a infraestrutura espera. Quando faltam boas notícias nessas áreas, um debate ideológico cai como luva.

Mas para nós, cidadãos comuns, há algo maior em jogo: viver em uma sociedade mais segura, saudável e justa. Para isso, precisamos de representantes que defendam nossos interesses de verdade, não apenas slogans de palanque.

Vale lembrar: político não é rei, não é ídolo, não é salvador da pátria. É servidor. Está lá para trabalhar por quem o elegeu. E se não corresponde, pode — e deve — ser substituído. Eles ganham muito bem para não serem cobrados.

Defender valores é necessário, mas sem perder a lucidez. A democracia precisa de debate, mas também de convivência. Se aprendermos a discordar com humor e respeito, talvez a gente descubra que a engrenagem pública pode girar em torno daquilo que realmente transforma: educação, educação e mais educação.

Escrito por Enio Alexandre

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